Centro Histórico

A história do centro histórico de Guarulhos

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Antigo Colégio Claretiano. Fonte: Click Guarulhos
Igreja Matriz, década de 30. Fonte: Arquivo Histórico Municipal
Igreja Matriz, década de 40. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Textos complementares e reflexão

Guarulhos tinha forte característica tropeira e servia como ponto de pousos e travessias, sua principal rota de passagem era o caminho da Estrada Geral (atual Rua Dom Pedro II - Monteiro Lobato - Guarulhos-Nazaré), que ligava São Paulo ao aldeamento de Nossa Senhora da Conceição e a Vila de Bonsucesso e também rotas bandeirantes mais distantes: Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.

Há uma complexa questão identitária que precisamos discutir e refletir durante nosso passeio, a visão de que Guarulhos é uma cidade dormitório, não tem história, o slogan da “cidade progresso” e que é um apêndice de São Paulo. A produção historiográfica mais tradicional da cidade, de certo modo, reafirmou esses estigmas. Adolfo Noronha, por exemplo, enfatizou que o que motivou a precoce colonização da cidade foi que: “o aldeamento (do centro) seria uma necessidade de defender a Vila de São Paulo, por causa da ameaça de ataques aos grupos indígenas hostis, os Tamoios".

A historiografia mais recente vem buscando entender os efeitos dessa visão tão enraizada no nosso imaginário e compreender as especificidades históricas de Guarulhos. Carlos José, não negou que a fundação e a constituição de Guarulhos teve relação com São Paulo, todavia, ele questiona essa geração que conta a história da cidade a partir de um prisma político, econômico e dependente da capital paulista, ele afirma que: “impôs-se um discurso único a partir da construção histórica municipal para exaltar os que estiveram à frente de sua administração”. Carlos José e outros fazem parte de uma geração de teóricos, inspirados por Marc Bloch e Lucien Febvre, que fazem uma crítica política da história tradicional, como sendo apenas a história das elites e do poder, que desconsiderava a maioria da população.

Índios Maromomis. Fonte: Click Guarulhos

Índios Maromomis. Fonte: Click Guarulhos

Índios Maromomis, aldeamento e escravidão

Houve dois fortes motivos que impulsionaram as missões bandeirantes pelo país 1) a possibilidade de descoberta do ouro 2) o aprisionamento e escravidão de índios, ambos relacionados a possibilidade de enriquecimento pessoal desses homens. A aldeia era, segundo Benedito Prezia “um um espaço de liberdade contra a prepotência dos colonos, como ocorreu no aldeamento de Nossa Senhora da Conceição dos Maromomis, mais tarde chamados de Guarulhos”.

Há registros, como o documento da Câmara dos Vereadores de São Paulo, 1608, de que os jesuítas de São Paulo em 1604 pediram ao Superior Geral e ao capitão-mor de São Vicente terras e autorização para aldear os Maromomis, sendo-lhe concedida uma gleba à margem direita do Tietê. Esse aldeamento deveria ser construído na parte alta da área entre os anos de 1606 e 1607 e a capela (atual Matriz), segundo orientações da igreja dedicada à Nossa Senhora da Conceição.

Entretanto, o aldeamento não interrompeu a escravidão dos Maromomis em Guarulhos, segundo Adolfo Noronha.

John Manuel Monteiro colocou como a questão sobre a mão de obra indígena é problemática. De um lado, os jesuítas disputavam a autoridade sobre a organização do trabalho indigena, Padre Anchieta, por exemplo, defendeu a importância do trabalho para a conversão do indígena ao cristianismo, que sob a tutela da aldeia, era recrutado apenas periodicamente, de outro, os colonos desejavam manter para si o controle direto dessa administração para maior exploração desse trabalho, fazendo uso frequente das Câmaras Municipais no intuito de driblar as leis protetivas.

A aldeia Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos se localizava aproximadamente, segundo alguns registros, no antigo Marco Zero situado na Praça Tereza Cristina.

Antigo Marco Zero, 2015. Fonte Bruno Carvalho

Dizem que D. Pedro II pernoitou próximo a Matriz (pouco provável, a tese mais aceita é que ele passou a noite na Penha). D. Pedro II e a Princesa Isabel dormiram num casarão mal-assombrado e assistiram à missa na Igreja Matriz – por isso o brasão do Império no alto da igreja e os nomes da Rua Teresa Cristina e D. Pedro II.

Praça Capitão Alberto Mendes Jr. Fonte: Gustavo Herthel

Segundo levantamento do historiador Elton Soares, o córrego lava-pés (atual praça Capitão Alberto Mendes Jr.) era um ponto de tropeiros onde os fiéis lavavam seus pés. Registros orais relatam que muitas pessoas vinham das festividades religiosas caminhando descalças e lavavam os pés ali.

Antigo Restaurante Greguinho. Fonte Click Guarulhos

Carnaval de rua em Guarulhos, Fonte: Guarulhos Cultural

a) Cine República – primeira sala de cinema (1922) – 600 lugares, segundo proprietário: Antonio Pratici (pref. 1952-53) – altura da praça Conselheiro Crispiniano. Fechou em 1973;

Cine República. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

b) Cine São Francisco (1965) – Praça Teresa Cristina, 49. Fechou em 1980;

Cine São Francisco. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

c) Cine Star (1970), no atual prédio da Câmara dos Vereadores, na parte superior funcionava o restaurante Terraço Roma. Fechou no final dos anos 80.

Cine Star. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

São três igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em São Paulo, todas elas foram construídas por escravos e datam do período colonial. A primeira, indiscutivelmente, seria a do Largo Paissandu. Ficamos na dúvida, se a segunda seria a de Guarulhos ou a da Penha. Ambas são da mesma época.

Placa sinalizando a antiga Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, 2008. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Lavação da Antiga Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Fonte: Lavagem Igreja do Rosário

A destruição da Igreja foi um símbolo na cidade de uma política nacional de branqueamento idealizada desde o final no século XIX e início do XX, intelectuais como Sílvio Romero e Nina Rodrigues se apoiaram no eugenismo científico europeu, que inferiorizou os povos não-brancos, classificado-os biologicamente como imorais e violentos, Arthur de Gobineau recomendou evitar a "mistura de raças", pois o mestiço tendia a ser o mais "degenerado". O Brasil, segundo a antropóloga Lilia Schwarcz, após acaloradas discussões, foi na contramão dos europeus e apoiou a mestiçagem como o melhor caminho de se chegar ao branqueamento, na crença de que a "raça" branca, por ser mais “evoluída”, iria prevalecer e civilizar a sociedade brasileira. Afinal, somente após a "superação" do legado preto e escravagista, a nação teria condições de se equivaler a uma potência europeia. No quesito cultural, houve muita repressão às expressões culturais dos negros e sua prática era considerada criminosa. Todavia, a partir da década de 30, com a reestruturação da política cultural varguista e o destaque dado aos folcloristas e artistas modernistas em seu governo, como Mário de Andrade, Gustavo Capanema, a cultura mestiça iniciou um processo de mudança de percepção (que ainda está longe de terminar): o samba, a umbanda, a capoeira começavam a se tornar importantes representações da identidade brasileira.

Rua Dom Pedro II, década de 20. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Antigamente, a Rua Dom Pedro II era composta basicamente por casas. Após os anos 20, essas moradias começaram a ceder espaço para os pontos comerciais, remodelando a paisagem central que ganhava traços cada vez mais urbanos. A Construção da Estação Guarulhos do Ramal “Tramway da Cantareira”, inaugurada em 1915, e a abertura da atual Rua Cerqueira César (antiga Rua da Estação) para ligar o centro à Estação, impactou significativamente nessa mudança de cenário.

Carlos José defendeu que a nossa modernização foi no modelo suburbano, de modo que o centro guarulhense não atingiu o padrão das grandes capitais, a exemplo de São Paulo e Rio de Janeiro, que geriram projetos inspirados em Chicago e nas bulevares francesas, que caracteristicamente possuem ruas mais largas e planificadas, com praças, chafarizes, jardins públicos e altamente preparadas para receber a indústria automotiva.

Antigo Pontão da Rua Dom Pedro II, 1986. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Primeira Sede do Clube Recreativo. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Luiz Gama. Fonte: MST.org

Convite para a festa do centenário da emancipação política guarulhense, 1980. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Adolfo Noronha, Gasparino Romão e João Ranali atribuíram a emancipação de Guarulhos, que passava do status de “Freguesia” de São Paulo para uma “Vila” independente aos esforços do Padre João Vicente Valladão e João Álvares de Siqueira Bueno. Segundo o historiador Adilson Freire: “esses dois personagens, imbuídos de um ideal emancipacionista questionável foram responsáveis por conduzir Guarulhos a superação de um estado de “desinteresse” e atraso”.

A imensidão do solo guarulhense e o lucro obtido pelas fazendas, em especial Bonsucesso e Tapera Grande, foram reivindicados por esses homens, que acusavam a gestão paulista de ser ineficiente e priorizar seus próprios interesses.

No fim, a emancipação política de Guarulhos favoreceu esses latifundiários, que obtiveram com a mudança de status, maior controle sobre as terras, João Bueno teve seu prestígio político aumentado, ganhou a concessão da Câmara de Guarulhos para a construção de uma linha de bonde e foi eleito vereador diversas vezes.

Antes de completar uma década, a nova Vila perdeu duas dessas incorporações: as Freguesias da Penha de França e Juqueri. Ambas foram desmembradas de Guarulhos: a Penha foi reintegrada à capital pela Lei Provincial n.º 71, de 3 de maio de 1886; e o Juqueri elevado a município pela Lei Provincial n.º 66, de 27 de março de 1889.

Antigo Paço Municipal, década de 20. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Casa do ex-Prefeito José Maurício. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Foto interna do Cemitério São João Batista. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Durante o período colonial e parte do imperial, personagens da elite eram sepultados dentro ou próximos às igrejas, já os escravos e pobres, mais distantes.

Padaria Barão, Rua João Gonçalves, anos 2000. Fonte: Guarulhos Hoje

Fachada da Biblioteca Monteiro Lobato. Fonte Guarulhos Hoje

Lateral da Câmara Municipal de Guarulhos. Fonte Gustavo Herthel

Símbolo do IV centenário na Praça Getúlio Vargas, 1980. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Documento sobre a descrição do símbolo do IV centenário da praça Getúlio Vargas. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

Praça Getúlio Vargas, 1976. Fonte Arquivo Histórico Municipal

Colégio Capistrano de Abreu, 1940. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

1. Casa José Maurício

Casa José Maurício, Rua Sete de Setembro. Fonte: Click Guarulhos

2. Catedral Nossa Senhora da Conceição

Rua Dom Pedro II, 1990. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

3. Rua Felício Marcondes

Desfile estudantil na Rua Felício Marcondes. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

4. Rua João Gonçalves

Procissão religiosa na Rua João Gonçalves, anos 60. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

5. Ônibus antigos

Tráfego na Rua Dom Pedro II. Fonte: Arquivo Histórico Municipal

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